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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Meu Nome é Gal

Atualizado: 13 de out. de 2023

Longa faz recorte do período político que moldou uma das maiores vozes do Brasil

Foto: Divulgação


O filme dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi mostra o início da carreira de Gal Costa. Maria da Graça deixa a Bahia nos anos 60 para São Paulo, onde encontra seus amigos Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros futuros grandes nomes da música brasileira. Convivendo numa efervescência cultural e política, ela aos poucos vai se reconhecendo como a artista marcante cuja voz se destacava em meio a tantas outras vozes de qualidade e percebe que seu talento também poderia ser usado com forma de ativismo.


Esse ano já escrevi críticas de algumas cinebiografias e sempre toco num ponto que acho fundamental para um bom resultado desse gênero que é o recorte. Aproximadamente 120 minutos é um tempo impossível de se contar uma vida toda e saber o viés que vai abordar é essencial para o bom (ou não) desempenho. E Meu Nome é Gal usa a Tropicália e a ditadura como o contorno para desenhar os primeiros anos da carreira de uma das vozes incontestáveis da nossa música.


Porém, simultaneamente, o filme parece contar a história da Tropicália sob a perspectiva de Gal Costa. O roteiro encerra ainda durante a ditadura e ficam faltando momentos específicos da cantora e detalhes de como sua carreira ganhou a dimensão internacional. Falta na verdade foco na artista fora desse contexto, em vez disso, o argumento prefere dar mais espaço para os outros artistas que a cercam. A direção não consegue construir bem os momentos-chave e pontos de inflexão e a impressão que dá é que a produção acaba sem qualquer direcionamento, deixando todas as pontas soltas e sem fazer jus à grandiosidade da cantora.

Foto: Divulgação


Sophie Charlotte está muito bem como a protagonista em várias cenas – por mais que eu ainda defenda a escolha de uma artista baiana para a personagem. Ela atua com força e suavidade enquadrada por uma câmera fechada que explora todo o sentimento da atriz de perto. Sophie também solta a voz e não decepciona nas interpretações de algumas das mais famosas canções de Gal Costa (em algumas cenas a voz de Gal é usada e Sophie apenas dubla, e é fácil reconhecer onde isso acontece). No elenco de apoio o destaque é para o talentoso Rodrigo Lélis.


Durante os créditos finais são mostrados trechos ao vivo de algumas das memoráveis apresentações de Gal e isso consegue atrair a atenção mais do que qualquer cena apresentada no ato final. E honestamente ficamos até sem saber onde as estruturas dos atos terminam para começar o seguinte. Mesmo com quase duas horas de duração tudo parece apressado e descompassado, e os bons momentos criados se perdem em meio a falta de eixo do texto.


Nota: 2,5/5

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