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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Na Mira do Júri (1ª temporada)

Atualizado: 13 de out. de 2023

Experimento coloca à prova os limites de subgêneros da comédia

Foto: divulgação


A série mostra um grupo de júri num julgamento dos EUA onde tudo é falso e encenado, apenas uma pessoa não sabe disso, o protagonista Ronald Gladden. Juiz, júri, policiais, acusação, defesa e todo o restante das pessoas que aparecem em frente às câmeras são atores. Ronald se inscreveu num site que buscava pessoas dispostas a participar como júri popular num caso que seria documentado para mostrar o dia-a-dia e o processo de um júri popular, além disso esse seria o último julgamento do juiz Alan Rosen (Alan Barinholtz).


O programa desenvolvido pelos produtores de The Office – série que popularizou o gênero mockmentary (documentário falso) – tem muitos eixos ao seu favor, começando pelo protagonista até então anônimo. Ronald é carisma puro e duvido bastante que o resultado positivo da série teria se mantido se outra pessoa tomasse seu lugar. Ele é paciente, bom ouvinte, dialoga, ajuda a dar andamento ao roteiro e desenvolve muito bem em cena. O segundo ponto positivo é a estrutura do texto que pensou em quase todas as possibilidades que pudesse comprometer as decorrências. ]


O roteiro, apesar de pré-elaborado e ensaiado, teve que se moldar à Ronald e as vezes fazer com que ele se curvasse ao o que havia sido escrito, o que leva ao outro trunfo, o afiado elenco. Formado por nomes até então desconhecidos para as principais lentes de Hollywood e para o público – e precisava ser assim para que o anônimo protagonista não reconhecesse quem quer que fosse. O único nome que ganhou destaque era o do ator James Marsden, que interpreta uma versão exagerada, exibida e as vezes caricata demais de si mesmo.

Foto: divulgação


Mas como todo experimento, nem tudo são acertos, e existem também um grupo de fatores que impediram a produção de brilhar ainda mais. O primeiro é a curta duração dos episódios e/ou pouca quantidade deles. No último episódio toda a verdade é revelada a Ronald e ele vê junto com o elenco os bastidores da produção, onde também mostram algumas cenas inéditas que ficaram de fora do corte final. São dias de material gravado e por vezes o foco no júri é necessário (por mais que fique repetitivo algumas vezes), mas a quantidade de personagens e subtramas fica com a continuidade truncada em certos momentos.


É uma série de comédia, então algumas situações fogem propositalmente do plano real das ideias, mas quando se tem um elemento alheio à tudo alguns limites precisam ser desenhados, e mesmo com esses limites Ronald chegou a questionar a execução de algumas escolhas. Mas, retomando a sagacidade do roteiro, o contexto justificando o confinamento, as câmeras, os microfones e os depoimentos ajudavam a dispersar, ou pelo menos aplacar, parte das desconfianças.


Deixando de lado os trâmites e burocracias jurídicas que realmente não são da minha alçada, mas que claramente recebe algumas alfinetadas dos roteiristas, a maior vitória de Na Mira do Júri é brincar com as linguagens e testar suas estruturas e fronteiras narrativas. A manipulação de um conteúdo em detrimento da existência de outro fazem do produto um dos exemplos de originalidade estruturados a partir de propostas conhecidas que ao mesmo tempo que se impõe como referência torna difícil uma continuação e derivação, pelo menos para minha limitada mente criativa. Entre erros e acertos o saldo consegue surpreender e empolgar.


Nota: 4/5

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