David Gordon Green entrega um terror sem apelo, sem lógica e sem vontade
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O Exorcista – O Devoto conta a história de Victor Fielding (Leslie Odom Jr.), pai que criou sozinha sua filha Angela (Lidya Jewett, série Good Girls). A vida da família é alterada para sempre quando Angela e sua amiga Katherine (Olivia O'Neill) desaparecem na floresta e retornam três dias depois, sem memória do que aconteceu com elas, e logo uma série de eventos aterrorizantes são desencadeados.
Esse longa é uma sequência de erros, más ideias e execuções piores ainda. Duas meninas vão passear na floresta, passam dias sumidas e voltam possuídas. O que houve? Onde elas foram? Como passaram os 3 dias? Eu também estou querendo saber, mas por algum motivo as pessoas envolvidas no texto base do filme acharam que não eram questões importantes. As cenas iniciais são uma introdução ao nascimento de uma das crianças protagonistas e até parecem dar algum embasamento para o que está por vir. Já a outra criança está ali com o mero propósito de fazer volume, sem qualquer causa, mas cheia de consequências.
O enredo é péssimo, não existe qualquer motivação para a sequência de fatos que decorrem desde o início da possessão que é quando o longa começa a ter um pouco de ação, porque durante os quarenta primeiros minutos não acontece absolutamente nada que impulsione o argumento para frente. Os debates sobre fé são rasos, sem novas perspectivas, sem interesse. O texto ainda tenta pregar um ecumenismo genérico para pregar uma mensagem que “toda fé importa”, mas é cafona como uma tradicional propaganda de igreja branca americana.
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Uma das melhores escolhas no Exorcista original é a forma como ele não prepara o espectador pra densidade do que está por vir, o filme inteiro é guiado por um mesmo tom noir-misterioso que constrói uma tensão padrão e duradoura do início ao fim. Mas esse segue a fórmula atual do terror comercial de sempre criar aquela atmosfera pré-susto que entrega boa parte das “surpresas” vindouras. E sim, ele consegue ter seus sustinhos, afinal é somente pra isso que ele foi feito, mas não valida o restante da bobagem que se tem que aturar.
São inúmeros personagens mal aproveitados que, assim como todo o restante, parecem ser apenas para ganhar tempo, é inclusive vergonhoso o resgate (e o desfecho) insustentável da personagem Chris MacNeil (Ellen Burstyn) que se soma ao monte de outras ideias vazias se espremendo para ter algum significado. E, ok, absurdamente deixemos de lado o roteiro e vamos focar na plasticidade. É tudo repetido, não tem qualquer elemento visualmente marcante que cause vislumbre – para o bem ou para o mal – e dê alguma identidade à produção.
Fazia muito tempo que eu não assistia a um terror com tanto enchimento de linguiça da pior qualidade. É um amontoado de propostas mal recicladas onde nem a forma nem a função conseguem convencer. Não tem exorcista, não tem exorcismo e não tem a menor condição de ter mais duas continuações.
Nota: 1/5
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