“O mundo não é só aquilo que a gente vê”
Divulgação: Netflix
Com roteiro de Carolina Munhóz e Raphael Draccón e direção de Carlos Saldanha, o lançamento da primeira temporada de Cidade Invisível, série policial com abordagem contemporânea para os personagens da nossa riquíssima mitologia brasileira, provocou múltiplas perguntas no público, fosse pelo final inesperado (“o que aconteceu com o Eric?”) ou por outras direções da trama, tais como: “a gente vai ver mais personagens na próxima temporada?”, “bom, vai ter segunda temporada, né?”, “mas precisava matar o Saci, pô?” (essa foi minha.), e principalmente: “por que raios essa série se passa no Rio de Janeiro?”. Se você, como eu, fez algumas destas perguntas, fique feliz em saber que a segunda temporada já respondeu todas elas. Menos a do Saci. Uma pena.
Depois do clássico resumão que a Netflix fornece, um alívio aos desmemoriados (obrigada!), somos levados para a Região em que reside toda a força criadora da mitologia brasileira: o Norte do país, mais precisamente em algum lugar da extensa Amazônia, no estado do Pará. É aqui que recomeça a segunda temporada, e honestamente, para mim, com a sensação de que deveria ter sido desde sempre - ou que, narrativamente, tudo nos encaminhou até este ponto. O ritmo nesta temporada pareceu mais acelerado, mais direto ao ponto. Agora estamos dentro de um garimpo ilegal em terras indígenas, onde vemos um novo ser mitológico que dará o ponto de partida para o desenvolvimento da narrativa. Adiante, a série nos mostra em que pé estão as vidas de Gabi, a filha de Eric (Marco Pigossi) e sua tutora Inês, a Cuca de Alessandra Negrini que enfeitiçou o público, e a odisséia de ambas para encontrar Eric através do dom herdado pela filha do protagonista, este, que acabará sendo trazido à força para a realidade por forças maiores do que ele. Outras relações em cadeia se estabelecerão através deste ato.
A forte presença do sagrado e das representações indígenas chamam atenção. Escolhas fáceis ao estúdio que enriquecem a narrativa com verdade. Outro ponto positivo que vale ressaltar é o bom uso que a série já faz de fatos em discussão. Aparentemente continuaremos vendo a questão do garimpo, da invasão de terras indígenas, e da corrupção de representantes do judiciário em favor de grandes famílias que possuem influência e poder. Obviamente, isto se faz numa escala menor, já que outros subtemas se desenvolvem na série cujo foco é o sobrenatural. E, bom, esta é uma resenha spoilers free, claro. Mas quero dizer que acredito que há um possível desenho narrativo para o personagem do Eric no horizonte que, se acontecer, enriquecerá bastante o desenvolvimento da série, dando um ótimo cliffhanger pra uma possível próxima temporada. Afinal, quem não gosta de um bom plot twist? Aguardemos, então, as cenas dos próximos episódios.
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