Visual caprichado e tema moderninho não salvam o filme do marasmo
Foto: divulgação
Num futuro não tão distante onde os humanos desenvolveram a Inteligência Artificial a ponto de interação direta e física com as pessoas, uma explosão nuclear causada por IA atinge os Estados Unidos. Isso faz com que o país lidere todo o Ocidente numa guerra contra os seres cibernéticos e consequentemente contra Oriente (aqui representado por uma nação chamada Nova Ásia) que defendem o uso harmônico das tecnologias com livre arbítrio. O protagonista Joshua (John David Washington) vive na Nova Ásia como agente infiltrado dos EUA e tem como missão capturar O Criador, a pessoa por trás do constante aprimoramento de IA.
O diretor Gareth Edwards tem muitas referenciais no visual e na narrativa e deixa-as bem claro logo de início (até mesmo durante o processo de produção ele chegou a citar quais filmes e diretores o inspiravam). Então tem sim Apocalypse Now, tem Star Wars, tem Blade Runner e têm muitas outras ideias que são geniais em suas particularidades, mas que fragmentadas e juntas umas com as outras ficam sem qualquer personalidade. Por mais que a produção se solidifique em cima de um roteiro original, é uma história simplista de guerra homem versus robôs (se é que ainda usam esse termo) já feita diversas outras vezes com as mais diferentes roupagens e com as mais variadas alegorias sociais por trás.
E o visual não é o problema aqui, pelo contrário, é o que sustenta o filme até nos momentos mais chatos (e são muitos). Os efeitos visuais são bem resolvidos, especialmente o design de personagens, e não deixam a desejar no macro e no micro como tem acontecido bastante com outras grandes produções hollywoodianas. A representação da Nova Ásia é uma Tailândia ao mesmo tempo rural e futurística que conversa muito bem com as necessidades do texto de mostrar o inimigo dos EUA como uma nação super tecnológica a ponto de criar armas e torná-los uma ameaça iminente, mas ainda assim pastoril e limitada. Destaque também para o trabalho dos diretores de fotografia que conseguiram operar muito bem em baixa saturação e com pouca luminosidade sem limitar o alcance visual e sem comprometer formas e detalhes. Mas nem em seu melhor o longa consegue ser marcante. Nem mesmo a trilha sonora de Hans Zimmer resiste ao rolar dos créditos finais.
Foto: divulgação
O problema maior está no roteiro que não desenvolve em suas demoradas duas horas de duração. O enredo tenta a todo custo dar camadas de profundidade nas relações pessoais do protagonista e nas relações humanos-máquinas e acaba por desperdiçar energia demais onde não requer tanta atenção e deixa a desejar na dinamicidade e na cadência da narrativa. As maiores reviravoltas são previsíveis e não conseguem criar os grandes momentos precisos para empolgar e prender a atenção do espectador.
Por mais que a pauta IA seja bem contemporânea e o futuro em que o filme se desdobra seja só daqui a 40 anos, o resultado já parece velho e repetido, e bem cansado.
Nota: 2,5/5
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